quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Tudo tinha alguma coisa de grinalda, mas as grinaldas podem ser fúnebres, depois eu percebi.

(Julio Cortázar)

domingo, 6 de julho de 2008

Sem título

E todas as pessoas que passam pela nossa vida não passam em vão. Não, não estou falando de propósitos ou destino, todo mundo sabe que eu não acredito nessas coisas. Mas é que elas não podem passar em vão, a gente não pode deixar sabe. Essas histórias todas precisam valer a pena, porque se afinal a gente vive sempre em função do antes e do depois, já que não dá mesmo para viver no agora, visto que o agora dura menos tempo que o tempo de dizer “agora”, então vivemos de lembranças, muitas lembranças, que constroem e sedimentam coisas boas e/ou ruins no nosso ser e algumas expectativas, que nos impulsionam para frente, mesmo sabendo que as coisas não vão sair exatamente como prevemos, mesmo porque, não é possível prever e é aí que mora a graça toda.

ps: palavras a esmo, que não fazem parte de um conto, nem de uma crônica, nem de nada, mas que ficam martelando, criam vida própria e saem por aí... Mas talvez eu ainda escreva o fim e quem sabe até o começo desse texto.

ps: continuo gostando de ps’s. Certas coisas são mesmo imutáveis.

sábado, 14 de junho de 2008

Ensaio sobre a ruptura

Pois bem, justo nesse meu momento “escrevendo” um amigo vem me falar no msn de um previsível final de relacionamento e eu pensei em como são tristes os finais, mesmo que seja previsível, que seja melhor assim, que não haja mais sentimentos.
Lembrei daquela frase do Caio F. “...eu tive tanto amor um dia " e penso que muito mais do que a ruptura, isso seja na verdade o mais triste, você ter uma coisa bonita, amor, paixão, qualquer tipo de afeto e de repente te arrancarem isso de alguma forma. E só sobrar raiva e mágoa e esse sentimento de perda daquilo que era só seu e tinha cara de eternidade. Pensar, repensar e não descobrir o momento exato em que tudo virou pó. Sim, porque deve haver um momento do “princípio do fim”, assim como há um momento em que você se dá conta disso. E você lembra quase rindo da vida que vocês idealizaram “juntos para sempre”. Ou talvez não tenham idealizado nada, talvez as coisas não chegaram a ser, talvez tenham sido muito menos do que imaginara e talvez você só tenha sofrido. E sozinho. E aí você se pergunta se tudo isso vale a pena. Vale. Você viveu, pode não ter sido feliz, ou pode não ter sido como queria, mas você viveu. E no final das contas, o que importa mesmo é estar vivo.
E além do mais, você precisa continuar a viver, estudar, trabalhar, ganhar a vida de alguma forma, tem os amigos, as festas e aí de repente vem outra pessoa, outra pessoa especial, e é tudo mágico outra vez. E você para de pensar nessas coisas. Ou não.

A culpa é da Cíntia. E do Yann Tiersen

Veja você. Eu era uma pessoa que tinha um blog, agora sou uma pessoa que faz TCC e conseqüentemente abandonou o tal blog que nunca teve futuro mesmo.
Pois eis que neste sábado à noite, enclausurada em casa pela dor de garganta e o frio, entrei por acaso no orkut de uma amiga e cliquei no link que tinha ali. Era o blog dela. E o último texto falava que as melhores idéias surgem ao se ouvir música instrumental, então eu, que incrivelmente não escutava nada no momento, pus o Yann Tiersen a trabalhar aqui. Continuei a ler as pequenas obras-primas da minha doce amiga cintilante e não é que me deu uma vontade de voltar a escrever aqui?
Se bem que “voltar a escrever aqui” soa quase como uma promessa, acho meio forte para mim que persisto em tão poucas coisas. Então escreverei aqui hoje. E talvez de novo nas férias de julho. Não prometo mais nada.

Claro que antes de escrever qualquer coisa li o que havia aqui e sim, continuo detestando o que escrevo. Mas em um esforço de assumir meus feitos, ou talvez por pura preguiça de criar um novo “diário virtual” resolvi seguir daqui mesmo. Mesmo porque leio meus textos e juro que são de outra pessoa. Não me reconheço mais neste espelho. Incrível como a gente muda em tão pouco tempo.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Emma Bovary c'est moi!

E aqui está ele. O tópico próprio!
Pois então, todos sabem que o tal livro é uma obra-prima, que Flaubert é um gênio e tudo mais, agora, o que ninguém sabe, é a minha opinião sobre tudo isso! Ahá!
Não que seja lá muito importante eu sei, mas enfim, lá vai ela.
Primeiro, eu acho que todo psicólogo deveria ler esse livro, se já não o é, deveria ser leitura obrigatória na faculdade de psicologia. Creio que poucas vezes um romancista conseguiu fazer uma tão profunda análise psicológica, descrevendo com especial esmero a mente e as aflições de sua personagem. Personagem esta, que é um retrato atemporal dos mais sórdidos e conseqüentemente mais humanos sentimentos e formas de se alcançar a felicidade e realizar sonhos. A narrativa explora sabiamente o tema da vaidade humana, da busca incessante de prazeres, status, poder e da fuga da realidade, enfim, de querer ser quem não é. Um cenário aliás, que ligando a televisão hoje em qualquer horário você encontra.
Emma Bovary, a protagonista da história, que assim como Dom Quixote que leu romances de cavalaria demais e acabou guerreando com moinhos, de tanto ler romances fica obcecada pela bela (ir)realidade apresentada neles e deseja levar a vida como uma das heroínas dessas histórias. O problema é que ela casa com Charles Bovary que apesar de apaixonadíssimo é a personificação do tédio e obviamente, apesar de todos seus esforços, a faz muito infeliz. Em face disso, ao contrário de qualquer esposa da época que se contentaria com o fato, ela resolve buscar tudo que não tem por aí. Trai, engana, sente quase que uma necessidade de mentir e ainda por cima atola o pobre coitado do marido em dívidas, arruinando de todas as formas possíveis a vida daquele homem tão bom, que não chega sequer a despertar pena tamanha a limitação de espírito da criatura, e aí a gente até entende porque Emma não conseguiu amá-lo. Ela é claro, tem um fim trágico porque tudo isso não podia mesmo dar em boa coisa, agora, não é que no final a gente até sente pena da infeliz? Sim, porque afinal de contas ela só tentava ser feliz ora essa! Só queria dar mais vida e paixão a sua existência! Pena que escolheu a pior forma de buscar isso. Mas também, vá você agüentar uma rotina insossa daquelas em plena flor da juventude e cheia de sonhos na cabeça!
Quando foi ao Tribunal de Paris responder ao processo por ofensa à moral pública e religiosa por tratar destes temas, ao ser indagado sobre quem seria a protagonista, Flaubert respondeu “Emma Bovary c’est moi”, e eu, se fosse a juíza na época teria absolvido o rapaz na hora e ido chorar em um cantinho. O fato é que ele acabou sendo absolvido mesmo e ganhou ainda mais prestígio depois do processo, mas Emma Bovary continuou sendo ele e todos nós. Isso mesmo, a anti-heroína sou eu, você e ela ali cheia de recato e bondade no coração.
Ou vai me dizer que você nunca sentiu nenhum dos controversos sentimentos que a lancinavam? Não há porque recriminar ou marginalizar certos sentimentos, eu prefiro sentir a ser, às vezes sinto inveja mas não sou invejosa, às vezes sinto uma insatisfação enorme com a minha vida mas não sou insatisfeita, às vezes sinto tristeza mas não sou triste.
Quem nunca quis ser ou fazer coisas diferentes? Quem nunca mentiu para alguém que não merecia ouvir mentiras simplesmente porque não era possível dizer a verdade?
Não há mal algum em buscar o que nos faz feliz, o que nos realiza ou o que nos dá prazer, por mais vãos que eles sejam e por mais hedonista que isso pareça. Agora, resta saber, que caminhos e formas vamos utilizar para alcançar isso.

ps: para quem reparou, meu texto tem um "primeiro, acho que..." e antes que me perguntem onde está o "segundo" e o "terceiro" eu explico, se trata de um fenômeno intitulado "enumerações que não deram certo" e ele acontece a todo momento a nosso redor, acreditem!

ps2: adoro ps's.

Resoluções

Todo mundo começa e/ou termina o ano com algumas resoluções. Coisas do tipo arrumar um(a) namorado(a), um emprego, voltar a estudar, aprender a tocar um instrumento musical, emagrecer, engordar, engravidar, casar, ver mais filmes, ler mais livros, ficar mais tempo com a família e assim por diante.
Celebre você ou não o fim de ano, essa época é sempre uma espécie d rito de passagem em que a gente acaba por fazer balanços, análises e conseqüentemente, promessas e planos para o futuro!
E comigo não era diferente até esse ano. Quando me fizeram a fatídica pergunta “mas e aí, quais são as promessas para 2008?” eu parei e pensei, “cara, nenhuma! E agora?”
Sei que parece uma grandessíssima bobagem mas me senti meio perdida sabe...chegaram a me dizer que isso era bom, que as coisas têm que acontecer naturalmente e tudo mais, o que é mesmo verdade porque todos sabemos que não é o fato de eu prometer algo que isso de fato irá acontecer, mas ora essa, começar um ano sem promessas? Não, não, isso não pode.
Então tratei de improvisar algumas, que aliás, se cumpridas, seriam bem úteis. Eram elas: fazer exercícios, ver mais filmes, ler apenas um livro por vez, não perder horas de sono para a internet, estudar mais e começar meu TCC.
Pois é, como podem imaginar, até o momento eu descumpri absolutamente todas. Hoje já é dia seis de janeiro, já completamos uma semana em 2008 e eu não fiz uma caminhada sequer, vi apenas um filme, enquanto terminava um livro comecei mais dois, fiquei pelo menos umas três noites até bem mais tarde do que deveria na internet e nem quero ver a parte de “estudar mais e começar meu TCC” quando iniciarem as aulas novamente.
Mas tudo bem, tenho um ano praticamente inteirinho pela frente para tentar cumprir algumas dessas promessas, mas agora, devo fazer alguns comentários sobre as minhas leituras. Enquanto terminava “Madame Bovary” do Gustave Flaubert, comecei “Os cães ladram – Pessoas Públicas e Lugares Privados” do Truman Capote que vou deixar para comentar quando terminar e o último se trata de um “livrão” que, após dois dias olhando para ele em cima da escrivaninha, eu não pude mais conter a curiosidade quase infantil que tomou conta do meu ser e comecei a folhear as páginas “ricamente ilustradas” (fiz curso de vendedor de enciclopédias) e repletas de textos falando da vida e obra de Andy Warhol. Fascinante.
E quanto a Madame Bovary? Ah, esse merece um tópico próprio!

ps: quebrei o tabu do segundo post, agora a coisa vai!

sábado, 5 de janeiro de 2008

Nasceu

Pois bem, ano novo, blog novo.
Não que tivesse outro antes, mesmo porque, sempre pensei que a criação de um deveria vir acompanhada de alguma ruptura ou mudança na vida. O fato é que nenhuma das mudanças da minha vida geraram um blog, isso porque o verdadeiro motivo para eu nunca ter criado um é que sou um tanto relapsa para manter qualquer coisa do tipo atualizada, tanto que nunca escrevi diários, nem mesmo no alto da minha pré-adolescência. O máximo que fiz foi roubar o diário de uma colega na 5° série e ler em voz alta na sala, atitude essa da qual ainda me arrependo...e olha que lá se vão quase dez anos desde o ocorrido! Aliás, não devia estar contando isso no meu primeiro post, todos vão pensar que sou uma pessoa cruel e desprezível, mas eu pedi desculpas depois e mudei meu proceder. Juro.
Ah! Outro motivo para não ter um blog é o fato de que dias (às vezes horas) depois de ter escrito algo acho simplesmente detestável!
Mas aí caguei pra tudo isso e resolvi começar o ano criando meu próprio diário virtual, mesmo tendo mil motivos para não faze-lo, até porque, adoro fazer coisas que teria mil motivos para não fazer.
E assim, já bastante carregada de coisas inúteis, a internet ganha mais um blog! Tudo que a humanidade precisava...
Mas também não garanto ir adiante nisso, portanto ainda há a chance de que eu pare de escrever bobagens (pessoais ou não) para todo mundo ver.
Enfim, torçam por mim! Ou conto aqui mesmo tudo que sei sobre vocês!