domingo, 6 de janeiro de 2008

Emma Bovary c'est moi!

E aqui está ele. O tópico próprio!
Pois então, todos sabem que o tal livro é uma obra-prima, que Flaubert é um gênio e tudo mais, agora, o que ninguém sabe, é a minha opinião sobre tudo isso! Ahá!
Não que seja lá muito importante eu sei, mas enfim, lá vai ela.
Primeiro, eu acho que todo psicólogo deveria ler esse livro, se já não o é, deveria ser leitura obrigatória na faculdade de psicologia. Creio que poucas vezes um romancista conseguiu fazer uma tão profunda análise psicológica, descrevendo com especial esmero a mente e as aflições de sua personagem. Personagem esta, que é um retrato atemporal dos mais sórdidos e conseqüentemente mais humanos sentimentos e formas de se alcançar a felicidade e realizar sonhos. A narrativa explora sabiamente o tema da vaidade humana, da busca incessante de prazeres, status, poder e da fuga da realidade, enfim, de querer ser quem não é. Um cenário aliás, que ligando a televisão hoje em qualquer horário você encontra.
Emma Bovary, a protagonista da história, que assim como Dom Quixote que leu romances de cavalaria demais e acabou guerreando com moinhos, de tanto ler romances fica obcecada pela bela (ir)realidade apresentada neles e deseja levar a vida como uma das heroínas dessas histórias. O problema é que ela casa com Charles Bovary que apesar de apaixonadíssimo é a personificação do tédio e obviamente, apesar de todos seus esforços, a faz muito infeliz. Em face disso, ao contrário de qualquer esposa da época que se contentaria com o fato, ela resolve buscar tudo que não tem por aí. Trai, engana, sente quase que uma necessidade de mentir e ainda por cima atola o pobre coitado do marido em dívidas, arruinando de todas as formas possíveis a vida daquele homem tão bom, que não chega sequer a despertar pena tamanha a limitação de espírito da criatura, e aí a gente até entende porque Emma não conseguiu amá-lo. Ela é claro, tem um fim trágico porque tudo isso não podia mesmo dar em boa coisa, agora, não é que no final a gente até sente pena da infeliz? Sim, porque afinal de contas ela só tentava ser feliz ora essa! Só queria dar mais vida e paixão a sua existência! Pena que escolheu a pior forma de buscar isso. Mas também, vá você agüentar uma rotina insossa daquelas em plena flor da juventude e cheia de sonhos na cabeça!
Quando foi ao Tribunal de Paris responder ao processo por ofensa à moral pública e religiosa por tratar destes temas, ao ser indagado sobre quem seria a protagonista, Flaubert respondeu “Emma Bovary c’est moi”, e eu, se fosse a juíza na época teria absolvido o rapaz na hora e ido chorar em um cantinho. O fato é que ele acabou sendo absolvido mesmo e ganhou ainda mais prestígio depois do processo, mas Emma Bovary continuou sendo ele e todos nós. Isso mesmo, a anti-heroína sou eu, você e ela ali cheia de recato e bondade no coração.
Ou vai me dizer que você nunca sentiu nenhum dos controversos sentimentos que a lancinavam? Não há porque recriminar ou marginalizar certos sentimentos, eu prefiro sentir a ser, às vezes sinto inveja mas não sou invejosa, às vezes sinto uma insatisfação enorme com a minha vida mas não sou insatisfeita, às vezes sinto tristeza mas não sou triste.
Quem nunca quis ser ou fazer coisas diferentes? Quem nunca mentiu para alguém que não merecia ouvir mentiras simplesmente porque não era possível dizer a verdade?
Não há mal algum em buscar o que nos faz feliz, o que nos realiza ou o que nos dá prazer, por mais vãos que eles sejam e por mais hedonista que isso pareça. Agora, resta saber, que caminhos e formas vamos utilizar para alcançar isso.

ps: para quem reparou, meu texto tem um "primeiro, acho que..." e antes que me perguntem onde está o "segundo" e o "terceiro" eu explico, se trata de um fenômeno intitulado "enumerações que não deram certo" e ele acontece a todo momento a nosso redor, acreditem!

ps2: adoro ps's.

Resoluções

Todo mundo começa e/ou termina o ano com algumas resoluções. Coisas do tipo arrumar um(a) namorado(a), um emprego, voltar a estudar, aprender a tocar um instrumento musical, emagrecer, engordar, engravidar, casar, ver mais filmes, ler mais livros, ficar mais tempo com a família e assim por diante.
Celebre você ou não o fim de ano, essa época é sempre uma espécie d rito de passagem em que a gente acaba por fazer balanços, análises e conseqüentemente, promessas e planos para o futuro!
E comigo não era diferente até esse ano. Quando me fizeram a fatídica pergunta “mas e aí, quais são as promessas para 2008?” eu parei e pensei, “cara, nenhuma! E agora?”
Sei que parece uma grandessíssima bobagem mas me senti meio perdida sabe...chegaram a me dizer que isso era bom, que as coisas têm que acontecer naturalmente e tudo mais, o que é mesmo verdade porque todos sabemos que não é o fato de eu prometer algo que isso de fato irá acontecer, mas ora essa, começar um ano sem promessas? Não, não, isso não pode.
Então tratei de improvisar algumas, que aliás, se cumpridas, seriam bem úteis. Eram elas: fazer exercícios, ver mais filmes, ler apenas um livro por vez, não perder horas de sono para a internet, estudar mais e começar meu TCC.
Pois é, como podem imaginar, até o momento eu descumpri absolutamente todas. Hoje já é dia seis de janeiro, já completamos uma semana em 2008 e eu não fiz uma caminhada sequer, vi apenas um filme, enquanto terminava um livro comecei mais dois, fiquei pelo menos umas três noites até bem mais tarde do que deveria na internet e nem quero ver a parte de “estudar mais e começar meu TCC” quando iniciarem as aulas novamente.
Mas tudo bem, tenho um ano praticamente inteirinho pela frente para tentar cumprir algumas dessas promessas, mas agora, devo fazer alguns comentários sobre as minhas leituras. Enquanto terminava “Madame Bovary” do Gustave Flaubert, comecei “Os cães ladram – Pessoas Públicas e Lugares Privados” do Truman Capote que vou deixar para comentar quando terminar e o último se trata de um “livrão” que, após dois dias olhando para ele em cima da escrivaninha, eu não pude mais conter a curiosidade quase infantil que tomou conta do meu ser e comecei a folhear as páginas “ricamente ilustradas” (fiz curso de vendedor de enciclopédias) e repletas de textos falando da vida e obra de Andy Warhol. Fascinante.
E quanto a Madame Bovary? Ah, esse merece um tópico próprio!

ps: quebrei o tabu do segundo post, agora a coisa vai!

sábado, 5 de janeiro de 2008

Nasceu

Pois bem, ano novo, blog novo.
Não que tivesse outro antes, mesmo porque, sempre pensei que a criação de um deveria vir acompanhada de alguma ruptura ou mudança na vida. O fato é que nenhuma das mudanças da minha vida geraram um blog, isso porque o verdadeiro motivo para eu nunca ter criado um é que sou um tanto relapsa para manter qualquer coisa do tipo atualizada, tanto que nunca escrevi diários, nem mesmo no alto da minha pré-adolescência. O máximo que fiz foi roubar o diário de uma colega na 5° série e ler em voz alta na sala, atitude essa da qual ainda me arrependo...e olha que lá se vão quase dez anos desde o ocorrido! Aliás, não devia estar contando isso no meu primeiro post, todos vão pensar que sou uma pessoa cruel e desprezível, mas eu pedi desculpas depois e mudei meu proceder. Juro.
Ah! Outro motivo para não ter um blog é o fato de que dias (às vezes horas) depois de ter escrito algo acho simplesmente detestável!
Mas aí caguei pra tudo isso e resolvi começar o ano criando meu próprio diário virtual, mesmo tendo mil motivos para não faze-lo, até porque, adoro fazer coisas que teria mil motivos para não fazer.
E assim, já bastante carregada de coisas inúteis, a internet ganha mais um blog! Tudo que a humanidade precisava...
Mas também não garanto ir adiante nisso, portanto ainda há a chance de que eu pare de escrever bobagens (pessoais ou não) para todo mundo ver.
Enfim, torçam por mim! Ou conto aqui mesmo tudo que sei sobre vocês!